Wednesday, May 25, 2011

Dívida levou a dupla execução

Polícia prende o acusado de assassinar empresário e filho e queimar os corpos, para fugir do pagamento de R$ 60 mil. Cerco teve ameaça de morte e durou mais de cinco horas

O bárbaro assassinato do empresário José Antônio Eustáquio Alves, de 55 anos, e do filho dele, Felipe Henrique Pessoa Alves, de 25 – desaparecidos sexta-feira e encontrados carbonizados dentro de uma Parati da família, no sábado, em Juatuba, Região Metropolitana de Belo Horizonte –, foi planejado e executado pelo empresário João Francisco de Castro, do mesmo ramo, conhecido como João do Gelo, de 43. De acordo com a polícia, com ajuda de cúmplices ele tentou ainda matar um outro filho de José Antônio, Guilherme Antônio Alves, de 24, que estava preso no porta-malas do veículo, levou um tiro, mas conseguiu escapar.

José Antônio era dono de uma empresa de macrocompressores e refrigeradores, em Contagem, na Grande BH, e João do Gelo planejou os assassinatos para não pagar uma dívida de R$ 60 mil da compra de máquinas para sua fábrica de gelo, em Betim. “Ele pagaria R$ 30 mil em dinheiro e entraria na negociação uma caminhonete F-250 no valor de R$ 45 mil. Foram pagos R$ 15 mil na porta do banco e R$ 15 mil seriam na empresa do autor. Nesse local, João do Gelo rendeu o empresário e o obrigou a assinar um recibo de pagamento. Depois, fez a vítima telefonar para os filhos e atraí-los para entregar a mercadoria, onde também foram rendidos”, contou o delegado Jorge Melo. Segundo ele, vítima e autor já tinham feito negócios anteriormente.

ARMADO Às 6h30 de ontem, policiais civis de Mateus Leme cercaram a empresa do acusado para prendê-lo. João do Gelo estava armado com uma pistola calibre 380 e, por mais de duas horas, ameaçou se matar. A polícia acreditava que ele mantinha reféns a mulher e duas filhas, uma de quatro meses e outra de 19 anos, que está grávida. O suspeito pediu a presença do seu advogado e não admitia se entregar. Às 11h38, quando direcionava a arma para a cabeça, foi dominado pelo delegado Wanderson Gomes da Silva, do Grupo de Combate às Organizações Criminosos da Polícia Civil e Ministério Público. João chegou a disparar um tiro que por pouco, não atingiu o policial.
O delegado Jorge Melo, que comanda as investigações, conta que as três vítimas foram levadas para Juatuba e José Antônio e Felipe foram mortos a tiros no banco traseiro da Parati, na madrugada de sábado. “Ele também atirou contra o porta-malas para matar Guilherme, que escapou e foi baleado”, contou. O tiro perfurou
O pulmão e o fígado do rapaz.
Guilherme ficou até a tarde de sábado no meio do mato. Ele foi perseguido pelos suspeitos e pediu ajuda em sítios, sem ser socorrido. Ao retornar à BR-262, conseguiu carona até Juatuba, onde foi atendido numa policlínica e avisou outro irmão do seu paradeiro e do que tinha acontecido com seu pai e o irmão.

Segundo o delegado, no momento do crime João do Gelo estava acompanhado de um comparsa, identificado como Fernando. “Pelo menos três envolvidos estão foragidos, com mandados de prisão expedidos”, disse.

Jorge Melo manteve em sigilo o paradeiro de Guilherme, para não atrapalhar as investigações. “Ele viu que o pai e o irmão tinham sido morto a tiros, que estavam jogando gasolina no carro, e conseguiu escapar abrindo o porta-malas com os pés. O carro foi queimado com os corpos dentro”, detalhou Jorge Melo.


Acusado assume assassinatos

A operação da Polícia Civil para prender João do Gelo começou segunda-feira à noite, quando a Justiça concedeu o mandado de prisão. Às 6h30 de ontem, policiais de Mateus Leme cercaram a fábrica de gelo no Bairro Jardim Teresópolis, em Betim, onde o suspeito também mora com a família. Todas as ruas de acesso foram fechadas. Ao perceber a presença dos policiais, ele se armou com uma pistola 380 – mesmo calibre da usada para os assassinatos – e ameaçou se matar, no segundo andar da casa, onde funciona o escritório da fábrica. Durante as negociações, o suspeito manteve contato com a família, mas não demonstrou nenhum
interesse em se entregar.

Às 11h38 houve um disparo. Às 11h42, a mulher e as filhas do autor, que a polícia equivocadamente imaginava terem sido feitas reféns, deixaram o local. A jovem, grávida, estava abalada. O suspeito saiu algemado e apresentando várias queimaduras nas mãos. Segundo o delegado, Wanderson, ele se feriu ao atear fogo no carro com as vítimas.

Ontem, o preso assumiu o duplo homicídio e a tentativa de homicídio. "Ele confessa, mas alega que houve um desentendimento comercial e que havia dívida do outro para com ele", afirma Melo, que contesta essa versão. O acusado já havia sido detido por porte ilegal de armas.

De acordo com a polícia, o carro de Guilherme foi encontrado abandonado na Via Expressa, no Bairro Via Cristina, onde fica a empresa da família. Os corpos de João Antônio Alves e Felipe permanecem no Instituto Médico Legal (IML), aguardando exame de DNA para identificação, por terem sido carbonizados. (PF)

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